sábado, 4 de julho de 2009

MAX SCHMELING, O SALVADOR DE JUDEUS

Seguramente mais lembrado pelos seus combates contra Joe Louis, o campeão alemão dos pesos pesados, Max Schmeling, aínda hoje em dia segue a estar associado aos iconos da Alemanha názi. Os seus títulos e a sua image foram utilizados pelo regime de Hitler como ferramentas de propaganda para demonstrar a supremacía ária. Sem embargo, Schmeling resistiu essas manobras e a sua conduta foi sempre a dum cavaleiro e um cabal desportista.

De facto, muitos anos depois de rematada a 2ª Guerra Mundial, revelou-se que Schmeling arriscara a sua vida por salvar a duma família de judeus aos que proporcionou refúgio no seu quarto de hotel para depois ajudá-los a fogir de Alemanha.

Schmeling converteu-se em profissional do boxeo aos 19 anos (1924). Em 1926 ganhou o título de meios-pesados, e em 1929 chegou à praça forte do boxeo mundial: New York. Ali derrotou a dois dos mais destacados pesos pesados: Johnny Risko e Paulino Uzcudun, encaramando-se no nº 2 do ránking, e obtendo a prioridade para optar ao título.

Schmeling, pessoa de mentalidade liberal –o seu manager, Max Jacobs, era judeu- resistiu contra todos os intentos do regime nacional-socialista por manipulá-lo. Obteve o título mundial o 19 de Junho de 1936 fronte a Joe Louis, para muitos expertos o mais grande boxeador de toda a história. O regime názi esforçava-se por apresentar a vitória como a grande evidência da inferioridade negra frnte a supremacía ária.

A revancha foi o 22 de Junho de 1938 no Yankee Stadium de New York, nte uma multidão e 70.000 pessoas. Muito a pesar da actitude desportiva de Max Schmeling, a luta vinha marcada por questões políticas e raziais. Louis estava determinado a reivindicar não só o seu orgulho e o dos EEUU, senão o da população negra. A luta durou apenas dois minutos e quatro segundos. Schmeling não puido deter a selvagem avalancha de golpes descarregada pelo enfurecido “Bombardeiro de Detroit”.

Porém, Schmeling será lembrado pelo que logrou fóra antes que dentro do quadrilátero. A sua história é a dum herói que durante o progrom da Kristallnacht salvou a vida de dois irmãos judeus de apelido Lewin.

Num artigo publicado na revista History Today, os professores da Universidade de Rhode Island, Robert Wiesbord e Norbert Heterich, relatam como Schmeling escondeu a dois adolescentes, Henry e Werner, filhos de David Lewin.

Manteve-os escondidos num lugar secreto da sua suite do Hotel Excelsior, em Berlin, ao tempo que avisava na recepção que não devia ser molestado em modo algum, devido a uma gripe que o aqueixava. Dias mais tarde, quando a fúria do progrom amainara, ajudou aos jóvenes a abandoar Alemanha, desde onde chegaram aos EEUU. Ness país Henry Lewin convirtiria-se num hotelero eminente de Las Vegas.

Tras a 2ª Guerra –Hitler nunca lhe perdoou que se negasse a afiliar-se ao Partido Názi e, em vinganza, forzou-no a alistar para levar a cabo misões suicidas como paracaidista- Schmeling combateu outras cinco vezes, mas já não volveu acceder aos 10 primeiros postos da classificação. Ganhou alguns combates e em Maio de 1948 foi derrotado por outro veterano, Walter Neusel, em Hamburgo.

Tras abandoar o boxeo –com umns números de 56 vitórias 4 nulos num total de 70 combates desputados- Schmeling continuou sendo uma figura popular e respeitada em Alemanha e também nos EEUU. Foi premiado com a Fita de Ouro outorgada pela Sociedade de Imprensa Desportiva de Alemanha, e a cidade de Los Angeles nomeou-no Cidadão Honorário. Em 1967 recebeu o Óscar dos Desporto dos EEUU, e nesse mesmo ano publicou a sua autobiografia.

Ao longo da sua vida atesorou amizades e camaraderia e, dalgum modo, os seus rivais rematavam convertendo-se nos seus amigos. Ajudou a Joe Louis ao longo da sua vida e aínda depois de morto. Schmeling pagou o seu funeral.

Moreu em 2004, aos 99 anos de idade.

A seguir o mítico combate entre Lewis e Schmeling em 1936.





E a revancha em 1938. Boxeo em estado puro.


domingo, 31 de maio de 2009

O JUDEU QUE NOQUEOU AO LÍDER FASCISTA BRITÂNICO

Gershon Mendeloff foi um boxeador judeu nascido em Londres no ano 1893 que remataria por ser campeão mundial dos pesos welter.

Quando ingressou no Clube Atlético Judeu de Londres adoptou o nome pugilístico de “Kid” Lewis (o de “Ted” acrescentaram-lho posteriormente nos EEUU). Fixo-se boxeador profissional em 1909. Em 1913 conquistou o título britânico dos pesos pruma, e um ano depois outro tanto, mas a nível europeu.

Em 1915 viajou aos EEUU e, já na categoria dos welter, conquistou o título mundial tras derrotar a Jack Britton no que foi o começo duma rivalidade histórica, pois entre 1915 e 1921 enfrontraram-se em vinte oportunidades.

Retirou-se dos rings em 1929, com uns números totais de 170 vitórias (70 por KO), 30 derrotas, 13 empates e 66 nulos. Morreu em 1970.


Se traemos aquí a Ted “Kid” Lewis, não é tanto pelo destacado da sua carreira boxística, senão precisamente por um sucesso que aconteceu uma vez que pendurou as luvas de boxeo.

Em 1929, tras abandoar o mundo das 12 cordas, Lewis aceitou trabalhar, a câmbio de 60 libras à semana, como gardaespaldas e entrenador físico do líder político britânico Oswald Mosley, um homem ao que muitos consideravam destinado a ser Primeiro Ministro. A formação de Sir Oswald Mosley, o Partido Novo [New Party], começou sendo uma organização de tipo populista e fortemente ánti-comunista, embora nos seus começos não eram razistas. No meio da época da Depressão, muitos viam no seu programa proteccionista e partidário de incrementar o gasto público uma táboa de salvação. Ted “Kid” Lewis, rematou por ser o chefe da sua garda pessoal, aos que ele próprio recrutava entre o mais bravucão do East End londinense.

Porém, arredor de 1932, Mosley converteu-se num firme seguidor do fascismo ánti-semita. Tras uma reunião com Mussolini, regressou a Inglaterra e, tras disolver o New Party, fundou a União Nacional de Fascistas. Quando os rumores dos novos postulados ánti-semitas chegaram a ouvidos de Ted “Kid” Lewis, decidiu render uma última visita ao quartel geral de Mosley. Fixo-o acompanhado pelo seu jovem filho, Morton.

Em palavras de Morton Lewis, isto é o que se passou:

“Quando chegamos havia dois fornidos homens na entrada vestidos, não com a camisa negra do New Party, senão com uma camisas marrões como as do Partido Názi. Por um momento Ted deteve-se como congelado. Subiu como um raio as escaleiras que levavam ao despacho de Mosley e, sem chamar, abriu a porta.

Mosley estava sentado, com dois dos seus gardaespaldas de pé à sua espalda. Os dois homens saudaram a Ted com o saúdo dos centuriões. Ted perguntou-lhe directamente: ‘É certo isso que se comenta de que es ánti-semita. Diz-me a verdade: es ánti-judeu?’.

Mosley sorriu ante a ingenuidade de Ted “Kid”. ‘Sim’. Cto seguido ergueu-se da cadeira e, pausadamente começou a contar-lhe a Ted os seus projectos e planos.

O rosto de Ted estava branco como a cera. Qualquer afeiçoado ao boxeo que o tivesse visto combater alguma vez teria-se decatado do sinal de perigo…Mosley seguia falando, e de súpeto se volveu e mirou fixamente a Ted, como para evaluar o efecto que as suas palavras lhe causaram.

Até esse momento Ted nem se movera. Então, como um raio, soltou um direitazo que estrelou contra a parede de enfronte a Mosley e a sua cadeira. Os dois gardaespaldas abalanzaram-se velozes sobre Ted e forcejearam. Outra direita ao mentão do primeiro desafortunado deixou-no KO ipso facto.

Ted girou-se e com um gancho de esquerda derrubou ao outro matão como se for um saco de patacas. Meu pai tomou-me da mão e saímos do despacho, baixamos as escaleiras passamos entre as duas moles que faziam garda na porta do edifício e marchamos. A umas 20 yardas rua abaixo, meu pai dixo-me que agardasse um momento. Dou-se a volta, regressou à entrada da sé de Mosley e se situou ante os dois vigiantes. Mirou-nos alternativamente ao rosto durante uns segundos. De novo, como uma exalação, mandou uma direita a um e um gancho de esquerda ao outro derrubando-os. E tranquilamente volveu junto a mim com um sorriso de orelha a orelha”.

P.S.: Sir Oswald Mosley foi encarcerado e passou toda a Guerra no cárcere, ao ser considerado um risco para o país. A sua União Nacional de Fascistas foi um absoluto fracasso.



COMBATE TED LEWIS / BOY MCCORMICK (1921)


ROUND 1º AO 6º




ROUND 7º AO 14º


sábado, 30 de maio de 2009

BOXEO, ESGRIMA E AUTO-DEFESA JUDEA



A partir de 1760, os judeus britânicos começaram a participar no desporto do boxeo. O campeão inglês entre 1791 e 1795 foi Daniel Mendoza, cuja innovadora técnica baseava-se na velozidade e a agilidade mais que na força bruta.


Como o reformador político Francis Place explicava, antes de Mendoza:

Nem os cães não eram tratados na rua do modo em que se tratava aos judeus. Uma circunstância, entre outras, puxo fim ao trato enfermizo face os judeus…[Mendoza fixo-se famoso e fundou uma escola de boxeo para jóvenes judeus]. A conseqüência fixo-se ver e sentir em muito poucos anos. De súpeto deixou de saír grátis insultar a um judeu, agás que fosse um anciano e se encontrasse só…Mas embora os judeus fossem incapazes de defender-se a sim próprios, os poucos que actualmente estariam dispostos a insultá-los simplesmente porque são judeus, poderiam incorrer num grave perigo de escarmento para além da passiva actitude da polícia”.


Portanto, quando os judeus começaram a defender-se, demonstraram que eram merecedores de ser defendidos –e inclusso os gentis de bom coração começaram a defender judeus.


Na década de 1920, nos EEUU, os judeus constituiam o maior grupo étnico adicado ao boxeo profissional –maiormente pelas mesmas razões de penúria económica que o resto dos grupos que orbitavam arredor do desporto das 12 cordas. Os judeus mantiveram a sua prominência nos anos 30, tras o qual a sua participação neste desporto decaiu na medida em que os judeus ascenderam na escala sócio-económica, e acharam modos mais singelos de ganhar-se a vida.


Nos boxeadores judeus achamos o que o historiador Irving Howe denominara “o Novo Carácter judeu”, e que se caracterizava por ser “activo, e não passivo, sujeito, e não objecto, ergueito, e não encurvado, combativo, e não aquiescente”.


O primeiro boxeador estadounidense em desempenhar um papel prominente na esfera pública foi Barney Ross, que ganhou o campeonato nas categorias de pesos ligeiros, junior welter e welter . Retirou-se do boxeo em 1938, ao alistar-se no exército tras o desastre de Pearl Harbor, e resultou ferido em Guadalcanal, ganhando uma Estrela de Prata por rescatar a um grupo de soldados caídos numa emboscada dos japoneses. Tras regressar aos EEUU, Ross jogou um papel decisivo no movimento sionista, pressionando ao Governo americano para que ajudasse aos refugiados judeus, e reclutando gente e fundos para apoiar ao IRGUN (o grupo de guerrilheiros de Menachem Begin).



Em 1915, Louis Brandeis explicava como o sionismo estava modificando o carácter judeu, de modo que os judeus lutassem pelos seus direitos, mais que se submeter ao ánti-sionismo rampante: o efecto do sionismo entre os estudantes judeus das universidades austríacas foi imediato e assombroso. Até esse momento foram despreçados e maltratados. Arrastraram-se na procura de médios de subsistência, desempenhando profissões que ninguém queria, fazendo gala de adaptabilidade, humildade e modéstia. Se eram molestados pelos estudantes “ários”, raramente se aventuravam a devolver o insulto ou exprimir o seu malestar. Mas o Sionismo proporcionou-lhes coragem. Formaram associações, e começaram a praticar esgrima e desportos de força.


Actualmente [1915] os melhores desportistas de esgrima nos corpos de elite alemães vem atónitos como os estudantes sionistas luzem profundas cicatrizes de florete nos seus rostos como qualquer teutão, e que os judeus se encaminham a converter-se nos mais avantajados praticantes de esgrima na universidade. Hoje em dia a kipá vermelha dos sionistas é respeitada em qualquer associação acadêmica”.



DAVID KOPEL

quinta-feira, 28 de maio de 2009

YURI FOREMAN, A LONA E O TALMUD


Uma tarde de 2008, quatro dias antes da sua primeira defesa do título da Federação Norteamericana de Boxeo, Yuri Foreman sentou-se na base duma coluna de Brooklyn a estudar o Shulchan Aruch [código de Lei judea]. A última hora da tarde estaria no Gimnásio Gleason para entrenar-se ante a sua peleja com Saul Román, um fibroso púgil mexicano com 24 KO’s em 28 combates.

Foreman está acostumado a tão esgotador programa. Yuri Foreman é um estudante rabínico de 28 anos e ostenta imbatido o título profissional dos pesos médios na WBA. Luze orgulhoso uma Estrela de David nos seus calzões que alterna com uma kipá negra quando está estudando ou rezando.

No meio da sua sessão de estudos contesta uma veloz bateria de perguntas do seu mestre, o Rabino DovBer Pinson. O exercício mental, diz Foreman, proporciona uma maior resistência que qualquer rutina física no quadrilátero.

“Quando vou ao gimnásio entreno o meu interior físico. Com o rabino, entreno os músculos do espírito”, afirma.

Foreman opina que os seus estudos para converter-se em rabino ortodoxo aliviam o stress físico derivado do entrenamento. Mas assegura que deixa o desporto de lado mentres lê o Talmud ou acude às aulas duas vezes por semana num instituto judeu de Brooklyn.

“Boxeo e judaísmo vam unidos, e supõem em igual medida um desafio. Gostaria-me ser campeão mundial e rabino”, manifesta.

Nascido em 1980 (Bielorússia), aos nove anos trasladou-se a Haifa, Israel. Ali foi três vezes campeão amateur com um récord de 75-5, e em 2000 Foreman chegou aos EEUU para converter-se num púgil profissional. Em 2001 ganhou os Golden Gloves em New York.

E em 2004 a sua carreira dou um giro radical, ao conhecer ao promotor de boxeo Bob Arum e á sua actual mulher, Lelyla Leidecker, uma jovem húngara que o ajudaria na sua procura religiosa. Foreman não era até então uma pessoa religiosa. Como eslavo de procedência judea afirma que em Israel era considerado um marginal. Lembra que em Haifa teve que rematar por acudir a entrenar a um gimnásio árabe. "Segundo entrei o primeiro dia, puidem ver ao meu redor olhadas de ódio. Mas eu queria boxear e ali, por suposto, todos queriam boxear contra mim". O seu reencontro com o judaísmo produziu-se ao conhecer ao Rabino Pinson, com o que começou a dar classes e a observar o Shabat, orar utilizando tefilim e o resto de leis judeas.

“D’us dou-me esta oportunidade”, diz Foreman, “e eu acredito que tenho que lhe devolver algo a câmbio”.

O desejo de Foreman é regressar a Israel dentro duns anos, quando seja ordeado rabino, para compartir o que tem aprendido e fundar a sua própria comunidade para ajudar aos rapazes de procedência eslava.

Referindo-se a Foreman, alguns rabinos opinam que boxeo e judaísmo estám em conflito dado que é um desporto que persegue ferir a outros ou a um mesmo. Ao respeito, o Rabino Benjamin Blech, professor de Talmud na Yeshiva University, diz que tudo tem na vida um factor de risco e de recompensa. O boxeo também. Do contrário, não poderíamos saltar pelo campo, conduzir um automóvil ou viajar em avião. O objectivo de Foreman não é ferir-se a sim próprio nem aos demais, senão superar-se e vencer aos seus oponhentes.

Foreman intenta restringir os seus combates aos dias laborais. Se algum coincide em Shabat, como já se tem passado, ele faz observância permanecendo a certa distância do ring até que chega a hora.

O seu manager diz: “No último combate o sol já se pugera quando os árbitros chamaram a Foreman para que se preparasse a fazer o seu percorrido face a lona. Sem embargo -e embora o Shabat já rematara- Yuri negou-se. Fixo-me um gesto e me chamou a uma esquina”.

“E então susurrou-me: Por favor, rezemos cinco minutos”.



terça-feira, 26 de maio de 2009

AS GALEGAS APRENDEM A DEFENDER-SE


A única escola de Krav Magá que há na Galiza acha-se em Vigo, no Centro Deportivo Coliseum (R/ Areal, 40). Este centro organiza cursos específicos para vítimas de violência de gênero.


Fazer fronte aos maltratadores; esta é a ideia que se impõe em cada vez mais associações de vítimas da violência de gênero. Algumas de elas têm começado a organizar cursos de autoprotecção, especialmente da técnica de combate israeli Krav Magá.


Segundo Felipe Meana, que vem de impartir há duas semanas um curso a 50 viguesas, para atacar sobra com botar mão dos movimentos naturais, tal e como fazeríamos para defender-nos. “Não ensinamos a imovilizar ou noquear. O objectivo não é ganhar a peleja, senão saír incólume de ela sem receber dano”. As técnicas básicas podem-se aprender em dois meses.


Se estades interessadas chamade ao 986-225201.


A continuação, entrevista sobre o Krav Magá, com Felipe Meana.


KRAV MAGÁ

IMI LICHTENFELD, O CRIADOR DO KRAV MAGÁ

Nascido em 1910, Imi Lichtenfeld foi criado e educado em Bratislava –na antiga Checoslováquia. Jovem de natureza atlética, praticou durante a sua mocidade gimnásia, boxeo e luta, desportos nos que resultou vencedor nalguns campeonato, tanto a nível nacional como internacional. Mas foi o seu pais, instructor de defesa pessoal, de quem Imi aprendeu boa parte das técnicas e tácticas da luta de rua que seriam mais tarde incorporadas ao sistema do Krav Magá ["combate de contacto", em hebreu].

Inspirado e influído pelo seu pai, Imi aprendeu de ele numerosas técnicas de defesa pessoal. Durante os anos 30 teve que empregar os seus conhecimentos de luta nas ruas de Bratislava, para proteger-se a sim próprio e aos seus vizinhos judeus das razzias dos jóvenes fascistas do lugar.

As lutas de Imi para proteger à sua família e vizinhos converteram-no imediatamente numa pessoa pouca popular para as autoridades locais, devido ao qual em 1940 deixou o seu fogar.

Tras vários anos viajando, Imi Lichtenfeld chegou a Israel, entrando a formar parte da Haganá, desde dentro da qual combateu pela independência do Estado de Israel.

Na Haganá dou também grandes mostras da sua vocação de ensino, e aproveitou para ensinar aos soldados técnicas básicas de defesa pessoal.

Tras a formação do Estado de Israel, o Governo encarregou a Imi que desenvolvesse um sistema efectivo de defesa pessoal e combate, que posteriormente passaria a ser conhecido como Krav Magá.

Durante os vinte anos em que serviu nas IDF, Imi desenvolveu e aperfeiçoou o seu sistema de combate corpo a corpo. Desde 1964, em que o Krav Magá se abriu aos civis, as suas técnicas extenderam-se velozmente à população israeli, graças à equipa de graduados altamente qualificados formados directamente por Imi, e acreditados pelo Ministério de Educação de Israel como professores de Krav Maga para difundir os seus sistemas.

Em 1978, Imi e vários dos seus estudantes fundaram a Associção Krav Magá, uma variante do pugilato que se basea em valores morais e humanos, enfatizando a integridade pessoal, a não-violência e a conduta humilde.

Imi morreu em 1998, mas com o seu legado tem salvado numerosas vidas e tem ajudado a que a gente poida viver segura e em paz.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

SAPERSTEIN VS GUMLISSKA

Laura Saperstein logrou a sua sétima vitória profissional o passado 22 de Março, tras derrotar à búlgara Galina Gymlisska no York Hall de Bethnal Green.



Saperstein logrou assim manter imbatido o seu récord profissional. A sua oponhente, que sustentava um récord de 24 combates imbatida, ressultou derrotada tras os quatro rounds regulamentários.

A ex-advogada tem recebido recentemente uma oferta para enfrontar-se com Lindsey Scragg pelo Título Intercontinental, mas admite que aínda não está o suficientemente preparada. “Aínda não estou lista; necessito três ou quatro combates mais antes de considerar seriamente a ideia”, manifesta Saperstein.

A continuação o seu combate com Gymlisska. Laura Saperstein enfunda uma saia branca com a Estrela de David, e a de Gymlisska é de cor azul.


LAURA SAPERSTEIN

Nascida no seio duma família judea em Austrália, Laura Saperstein estudou leis antes de passar a trabalhar para duas marcas ponteiras de Sidney. Trasladou-se a Londres em 2001.

Em 2004, Saperstein era uma advogada especializada em fusões e adquisições na City londinense, que ganhava uns 200.000 $ anuais. Então decidiu deixar atrás o mundo corporativo e subir a um ring.

Tras uma carreira imbatida como amateur, Laura Saperstein fixo o seu debut profissional em 2007, aos 36 anos.

“Desde o primeiro momento em que subim a um ring soubem que isso era o que queria fazer. É como jogar uma partida de xadrez sobre duas pernas. Implica toda a tua concentração física e psíquica. Para ser uma boa boxeadora necessita-se coragem, resistência, força e inteligência”, afirma.

No vídeo que segue, asistimos a um entrenamento da boxeadora judea.



domingo, 24 de maio de 2009

QUANDO O BOXEO ERA UM DESPORTO JUDEU

Quando os aficionados são perguntados por nomes de boxeadores judeus, invariavelmente mencionarão a Benny Leonard e Barney Ross [na foto], os famosos campeões. Nalguns casos acrescentarão a Ruby Goldstein e, mais raramente, a “Slapsie” Maxie Rosenbloom, um grande campeão dos pesos superligeiros. E aí remata tudo.

Inclusso os aficionados com certos conhecimentos ignoram que houvo muitos campeões e boxeadores excepcionais, e milheiros de púgeis judeus nos anos 20, 30 e inclusso 40. “Como foi possível?”, perguntam de imediato. “É algo tão alheio à tradição e cultura judea…Ressulta inacreditável.

De facto, os judeus entraram nos ránkings do boxeo norteamericano em grandes quantidades e arredor de 1928 eram a nacionalidade dominante na modalidade profissional, seguidos pelos italianos e os irlandeses. Dez anos depois, os judeus retrocederam ao terceiro posto, precedidos pelos italianos e os irlandeses.

Quando rematou a 2ª Guerra Mundial, e a G.I. Bill of Rights [Nota: Declaração de Direitos que proporcionava educação superior aos Veteranos de Guerra] e outras vias de progresso estiveram disponhíveis, o boxeo foi deixando de ser atractivo para os judeus –ao menos como púgeis. Face 1950, virtualmente deixara de haver boxeadores judeus, e o seu número desde então tem sido anecdótico. Um descenso semlehante se dou entre o grémio dos entrenadores; mas os managers, promotores e organizadores continuaram mantendo a presença.

A primeira vista, semelha raro que os judeus tenham participado alguma vez num desporto tão brutal. Tendemos a assumir que as actividades dos judeus erram tradicionalmente mais cerebrais e que a educação desempenhava um papel dominante na cultura judea. Quem ía boxear pudendo ir à universidade e converter-se num profissional?

Mas acudir à universidade e converter-se num reputado profissional não era necessariamente a primeira opção para muitos jóvenes judeus nos anos 20 e 30. Quando as circunstância e a oportunidade de tipo económico se dou tras a 2ª Guerra, o boxeo judeu, de facto, desintegrou-se rapidamente.

Durante os anos 1910-1940, houvo 26 campeões mundiais judeus. Esta foi uma cifra inaudita, particularmente numa época onde só existiam oito categorias boxísticas, envez da miríada existente hoje em dia (por não dizer nada das distintas Conferências).

Mas este éxito deve ser entendido no contexto da participação total de judeus no mundo do boxeo. Entre os anos 20 e os 30 aproximadamente o 16 % dos campeões eram judeus, mas perto da terceira parte dos contendentes eram também judeus. Embora houvo, sem dúvida, muitos campeões judeus, estes não destacavam em proporção ao número no que participavam estando, de facto, infra-representados a nível de títulos. No boxeo, pelo menos, os judeus aproximavam-se aos promédios –algo que era impensável noutros desportos, como o baseball.

No Encontro Janucá de 1907, da Sociedade da Menorá na Universidade de Harvard, o seu Presidente, Charles Eliot, afirmou que os judeus “são inferiores em estatura e desenvolvimento físico a qualquer outra raza”. O Dr. Eliot lamentava a perda, desde os tempos dos Macabeus, do espírito marcial entre os judeus e pensava que seria beneficioso para eles “unir-se ao exército”.

A descripção pejorativa que Eliot fez da destreza física dos judeus encendeu não pouca controvérsia. Um número considerável de judeus percebiam-se a sim próprios como Eliot os descrevia, estavam dacordo com ele, e animavam aos judeus a desenvolver uma maior fortaleza e habilidade física. Outros sentiram-se ofendidos pelo que consideravam que era ánti-semitismo disfarçado, e sustentavam que os judeus não se distinguiam fisicamente de ninguém.

Que foi o que motivou que tantos jóvenes judeus se passassem ao boxeo profissional? Foi, quiçá, uma espécie de resposta às críticas vozeadas por Eliot? Havia uma necessidade de demonstrar a virilidade dos judeus, que foram perseguidos durante tantos séculos, e que remataram por semelhar fisicamente desvalidos e incapazes de defender-se a sim próprios? Acreditavam os judeus que se converteram em boxeadores que representavam ao Povo Judeu ou, inclusso, ao poder judeu?

A maioria dos boxeadores judeus negavam que agissem motivados por nada mais que eles próprios e os seus admiradores, afirmando que os seu único estímulo para subir a um ring era ganhar dinheiro, e nada tinha a ver com a sua judeidade ou outros judeus. Mas a resposta é mais complexa e subtil. Nalguns destes púgeis discernimos um sentido que nos leva a concluir que a sua etnicidade jogou um papel bem definido, por riba do que eles pudessem chegar a admitir ou tivessem interiorizado.

A tese de que os boxeadores judeus representavam ao Povo Judeu como uma totalidade é um tema recorrente, com matizes, através da literatura boxística judea. Discutindo sobre a motivação dos boxeadores judeus, Jimmy Johnston, um famoso promotor (não judeu) dos anos 20 e 30 declarou:

“Colhede um rapaz judeu e, antes ou depois, a sua raza sairá a reluzir. Ele tratará não só de defender-se a sim próprio, senão à sua gente, na medida em que se vê como representante de todos os judeus. A conciência de que a judeidade é o que está em questão quando ele combate dá-lhe um incentivo para entrenar com mais ânsia e sentir mais orgulho do que faz”.

Relacionada com o tema dessa “missão” está a tese de que o boxeo ajudou aos que o praticavam a integrar-se na cultura dos EEUU. Isto pode aplicar-se a muitos dos seus seguidores judeus, mas provavelmente não desempenhava um papel especial no púgil. Eles já se veiam como norteamericanos, vivendo como o faziam entre judeus no Lower East Side de Manhattan ou na zona de Brownsville no Brooklyn.

Boxeavam porque lhes gostava e era um modo de fazer dinheiro, não porque quigessem negar o estereotipo do judeu débil ou para ser aceitados como norteamericanos.

Inclusso os boxeadores dos anos 20, como Oscar Goldman e Sammy Farber, não acreditavam que tivessem nada que demonstrar a ninguém mais que a sim próprios. Contudo, e conforme indicam as suas testemunhas, é certo que também havia uma manifestação de orgulho étnico e identidade no seu papel como boxeadores judeus.

Para eles e as suas famílias a disjuntiva não era boxeo ou universidade, senão boxeo ou procurar trabalho. Nos dias da Depressão de começos dos 30, a universidade era um luxo demassiado afastado, inclusso para os judeus de segunda geração, como os que se adicavam ao boxeo.

Certo é que em 1936, o 11 % da segunda geração de judea começou a ir decrecendo no mundo das 12 cordas. Em New York, onde os judeus eram o 25 % da população, sem embargo constituiam o 65 % dos advogados, o 64 % dos dentistas e o 55 % dos médicos.

Mas os boxeadores judeus, geralmente, não pertenciam às famílias às que lhes ressultava relativamente singelo acceder a essas professões.

Não se deveria derivar dessa ausência de “intenção nacional” que estes boxeadores não estavam orgulhosos de serem judeus. O estavam e o estám. A sua identidade étnica nunca foi posta em questão. A maioria de eles luziam a Estrela de David nas suas batas e calzões de combate, até que os símbolos religiosos foram proibidos nos anos 40. Habitualmente, veiam-se como parte da comunidade judea, e participavam nas grandes festividades e ritos judeus. Viviam na casa familiar até casar, e contribuiam ao mantimento da família (ao igual que os irlandeses e italianos). Como o 95 % dos judeus de New York na época, casavam com mulheres judeas e, geralmente, permaneciam casados.

Foi a posição dominante dos judeus durante a sua “Época Dourada” realmente tão surprendente? O boxeo era parte do esforço dos judeus urbanos por saír adiante. Proporcionava oportunidades, e que os judeus não tivessem desenvolvido um papel tão importante durante esses dias teria sido aínda mais surprendente.

Howard Sachar, no seu livro “Uma história dos judeus em América” (1992), sinala que em 1911, o 75 % das prostitutas em New York e outras grandes áreas urbanas eram judeas, o 50 % dos prostíbulos eram regentados por judeus. Em 1921, o 20 % da população reclussa do Estado de New York era judea, e praticamente o 100 % dos contrabandistas eram judeus.

E que dizer do Crime Organizado e a dominante influência da máfia judea em New York e outras cidades?

Segundo diz Sachar, os judeus dominavam a prostitução e o comércio de licor a grande escala no Leste europeu, e continuaram este tipo de actividades no Novo Mundo. Onde os judeus vislumbram uma oportunidade, tomam sempre ventagem. Namedida em que o boxeo era uma actividade nova para os judeus, não se diferenciava em nada do que os judeus urbanitas faziam para avanzar na sua posição eocnómica na vida.

Em 1955, Thomas Jenkins trazou uma história das nacionalidades dominantes no mundo do boxeo, e concluiu que a segunda geração de praticamente todos os grupos imigrados de Europa gravitaram arredor do mundo do boxeo. Desse modo explicou a sucessão étnica de ingleses, irlandeses, italianos, judeus, negros e outros. A ascendência dos boxeadores judeus foi um fenómeno demográfico natural e predizível dos imigrantes judeus, e não pode ser atribuído a causas extranhas.

Esta tese apoia-se na testemunha dos próprios boxeadores. Quando floresceram outras oportunidades tras a Guerra, os judeus imediatamente desvaneceram-se do cenário dos contendentes, embora continuaram participando como empresários no negócio.


ALLEN BODNER *


* Allen Bodner é autor do livro “Quando o boxeo era um desporto judeu”. O seu pai foi boxeador afeiçoado nos anos 20 e manager profissional durante os 30 e 40



A continuação, combate pelo campeonato dos pesos walter entre o púgil judeu Barney Ross e o filipino Ceferino García no ano 1937.


sexta-feira, 15 de maio de 2009

MORREU SALOMO AROUCH

O passado dia 26 de Abril faleceu Salamo Arouch.

Nascido em Grécia, Salamo Arouch foi campeão dos pesos médios nos Balcães, mas a sua carreira profissional viu-se truncada pela 2ª Guerra Mundial e a invasão alemã do seu fogar natal. Como milheiros doutros judeus gregos, ele e a sua família e amigos foram deportados a Auschwitz-Birkenau.

Obrigado a combater contra outros prissioneiros para entretenimento dos seus gardas názis, Arouch logrou sobreviver às câmaras de gas até ser trasladado a Bergen-Belsen em 1945. Ao final da guerra emigrou e presenciou in sítu a fundação do Estado de Israel em 1948. A sua biografia dou pê ao filme “O trunfo do espírito” (1989), protagonizado por Willem Dafoe, boa parte do qual transcorre em Auschwitz, aonde Arouch fixo um emotivo regresso como assessor da longametragem.

Salomon Arouch –que eliminou o “n” final do seu nome e gostava de ser conhecido por Shlomo- nascera em Salônica no seio duma família de judeus sefardis. O seu pai ensinara-lhe a boxear, e em 1937, quando só contava 14 anos, fixo o seu debut na sua vila natal, venzendo ao seu rival por KO técnico.

Dotado dum estilo muito tradicional de golpes curtos e cruzados, em 1939 ostentava um récord de imbatibilidade com 24 vitórias por knock out. O seu veloz jogo de pés fixo-lhe merecedor do alcume de “O bailarim de ballet”, e antes do estalido da guerra era membro da equipa olímpica grega de boxeo.

Quando os alemães invadiram Grécia foi arrestado e, dado que era judeu, deportado com toda a sua família a Auschwitz o 15 de Março de 1943.

Todos os membros fimininos da sua família foram gaseados o mesmo dia em que chegaram a Auschwitz, assim como os rapazes e crianças. Junto com o seu pai e o seu irmão mais jovem, Arouch viu-se submetido a trabalhos forzados. Quando um oficial názi se inteirou de que aquele judeu fora boxeador, foi obrigado a combater em veladas que se organizavam no campo os mércores e domingos pela noite.

Estes combates a morte, amiúde precedidos de jogos malabares de ziganos e pelejas de cães, enfrontavam a púgeis judeus e ziganos presos em Auschwitz; eram obrigados a combater brutalmente entre eles, correndo-se fortes apostas entre os oficiais názis que asistiam ao improvisado ring.

O ganhador –para além de conservar a vida- obtia pão e sopa; o perdedor, se sobrevivira, era imediatamente executado e incinerado.

No seu segundo dia em Auschwitz, o primeiro combate de Arouch foi contra um judeu polaco, com um oficial názi fazendo as vezes de árbitro. Arouch deixou-no rapidamente KO. Vinte minutos depois mandou à lona a um gigantesco checo dum golpe no estómago. “Desplomou-se como um dromedário”, lembraria Arouch.

Durante os dois anos seguintes, Arouch pelejou duas ou três vezes à semana para solaz dos seus captores názis, sabedor de que uma só derrota suporia a sua sentença de morte. Graças à sua velozidade e jogo de pés, puido tumbar a todos os seus oponhentes, que às vezes o superavam em mais de 100 libras de peso.

O seu mais difícil contrincante foi um judeu alemão chamado Klaus Silber, que tinha um récord na pre-guerra de 44-0, e que nunca perdera ao longo de mais de 100 combates. O seu combate foi o mais feroz e desputado que se lembra, e tras ele nunca mais volveram a ver a Silber com vida.

Na última etapa, Arouch foi exonerado do trabalho forzoso e ubicado numa oficina. Toda a sua família já fora assassinada para então. O seu pai fora executado tras cair enfermo e o seu jovem irmão recebera um tiro na nuca tras negar-se a extrair os dentes de oiro daqueles que eram gaseados.

Arouch logrou sobreviver a Auschwitz dois anos estabelecendo um récord de 208 vitórias por KO. Quando o campo foi finalmente libertado, perguntou às forças britânicas se tinham algum boxeador para combater contra eles numa exibição. Havia dois, e Arouch os deixou KO a ambos.

Procurando pistas dalgum membro supervivente da sua família no campo de concentração de Bergen-Belsen, em Abril de 1945, Arouch conheceu a uma jovem de 17 anos chamada Marta Yechiel, que era da sua cidade natal. Tras casar ao ano seguinte, em 1948 emigraram a Israel, servindo nas IDF, onde continuou boxeando.

domingo, 10 de maio de 2009

QUANDO FOMOS CAMPEÕES



O 14 de Junho de 1934, o mastodôntico Primo Carnera perdeu o título mundial num mítico combate, diante de 50.000 espectadores, fronte a Max Baer, conhecido como o "Apolo judeu".


Especialmente intensos foram os dois primeiros assaltos. Nestes rounds iniciais Baer botou à lona várias vezes a Carnera e numa das caídas este arrastou a Baer à lona. Mentres os dois tirados no chão seguiam repartindo-se golpes, Baer berrava “O que se levante primeiro é um marica!”. A duras penas o árbitro e os seus segundos lograram deter o intercâmbio de punhetazos de ambos boxeadores.


Ao longo deste intenso combate o italiano Carnera foi tumbado até em dez ocasiões, até que o juíz deteve o combate no dézimo primeiro round declarando ganhador do cetro mundial a Max Baer.



CRÔNICA DO ”MID-DAY STANDARD” O VENRES 15 DE JUNHO DE 1934


“DE COMO MAX BAER LOGROU O TÍTULO MUNDIAL”


Max Baer, a estrela cinematográfica do pugilato, fixo bons os seus pronósticos derrotando a Primo Carnera, e conquistando o título mundil dos pesos pesados, em Long Island (New York), a passada noite.

Tras um dos mais emocionantes combates na história do ring, Baer alzou-se com o título no 11º round por KO técnico, depois da intervenção do árbitro tras knockear a Carnera.


Ao longo da peleja, Baer bulrou-se e provocou constantemente ao seu rival, a quem logrou derrubar dez vezes.



Nesta ligação, “Mid-Day Standard”, pode-se lêr a crônica completa da luta assalto a assalto.


A continuação, o combate na sua integridade. Carnera é o mais corpulento, e Baer luze uma Estrela de David no seu calzão.


ROUNDS 1º AO 5º




ROUNDS 6º AO 11º




NUNCA DIGAS

Trata-se do Hino dos Partisanos do Ghetto de Varsóvia.

O autor do poema original em yiddish foi Hirsh Glik (1922-1944), que tomou a melodia escrita pelo compositor russo Dmitri Pokrass.

Escrito no Ghetto de Vilna, a organização de Partisanos Unidos adoptou-no como Hino em 1943. Adoita ser cantado em actos comemorativos, especialmente em Yom HaShoa.

A versão que acompanhamos [ver abaixo] está interpretada pelo grande cantante Paul Robeson durante um concerto oferecido em 1949 em Moscova.

A peça encerra uma estremecedora combinação de potença e tenso pathos que se transmite a um público que, ao rematar o tema, irrompe num estrondoso aplauso. Embora muitos dos asistentes à actuação daquele dia eram intelectuais judeus moscovitas que agardavam que o machado criminal de Stáline caisse antes ou depois sobre eles, a grande maioria eram russos membros da elite supervivente do Partido Comunista que vinha de ser dezmado por uma enorme purga.

A primeira parte da resposta do auditório está recolhida na gravação, embora o resto foi curtada pelos censores. Contudo, o som deste grito de esperança é inesquecível.

Assim, Paul Robeson, uma das grandes vozes do século XX, dou expressão ao sofrimento, não só da judearia soviética, senão também das incontáveis vítimas da purga estalinista.









Nunca digas que esta senda é a final,
aceiro e chumbo cobrem um céu celestial
a nossa hora tão sonhada chegará,
redobrará o nosso cantar, ei-nos acá!

Desde as neves às palmas de Sion
ei-nos aquí com a dor desta canção,
e no lugar onde salpicou nosso sangrar
nossa fê e nosso valor brotarão.

Um sol de aurora o nosso hoje iluminará,
nosso inimigo de ontem há-se esfumar,
e se a alva retrassar sua aspiração
que qual emblema seja sempre esta canção.

Com sangue e fogo escreveu-se este cantar,
não é canto de ave que livre poida voar
entre os muros que sem medo derrubou
canta-o um povo que com valor seu braço armou.

Nunca digas que esta senda é a final,
aceiro e chumbo cobrem um céu celestial
a nossa hora tão sonhada chegará,
redobrará o nosso cantar, ei-nos acá!

O PUNHO E A ESTRELA


O 19 de Abril de 1943 estalou a rebelião no Ghetto judeu de Varsóvia. O levantamento manteve-se até o 16 de Maio, em que foi definitivamente sofocado pelas tropas názis tras dinamitar a sinagoga Tlomacki, que simbolizou o final da existência do Ghetto.


56.000 judeus foram capturados durante as semanas que durou o combate e 631 búnkeres defensivos foram destruídos. Estima-se que entre 5.000 e 6.000 judeus morreram na luta, 7.000 foram passados por diante do pelotão de fussilamento e outros tantos deportados a Treblinka, onde morreram. Aqueles que não foram enviados a Treblinka, foram parar a campos de trabalhos forçosos em Poniatowa, Trawniki e Majdanek.


Entre as ruínas do guetto, encontrou-se uma inscripção feita com pintura num muro. Nela vemos uma Estrela de David que encerra dentro um punho fechado [ver image], e que simboliza a resistência activa do povo judeu contra o seu inimigo. Anos depois seria adoptada como logotipo da organização patriótica judea Kahane Jai, que em hebreu significa “Kahane vive”, e também “Fortaleza”.



Honramo-nos hoje em fazer nossa a herdança dos heróicos combatentes do Ghetto, e os que seguiram a sua estela, neste lugar onde falaremos de histórias, de resistenças, da sua relação com o judaísmo. E, por suposto, também de boxeo.




SIMON BAR KOCHBA


16 Iyar 5769


ANJOS