sexta-feira, 15 de maio de 2009

MORREU SALOMO AROUCH

O passado dia 26 de Abril faleceu Salamo Arouch.

Nascido em Grécia, Salamo Arouch foi campeão dos pesos médios nos Balcães, mas a sua carreira profissional viu-se truncada pela 2ª Guerra Mundial e a invasão alemã do seu fogar natal. Como milheiros doutros judeus gregos, ele e a sua família e amigos foram deportados a Auschwitz-Birkenau.

Obrigado a combater contra outros prissioneiros para entretenimento dos seus gardas názis, Arouch logrou sobreviver às câmaras de gas até ser trasladado a Bergen-Belsen em 1945. Ao final da guerra emigrou e presenciou in sítu a fundação do Estado de Israel em 1948. A sua biografia dou pê ao filme “O trunfo do espírito” (1989), protagonizado por Willem Dafoe, boa parte do qual transcorre em Auschwitz, aonde Arouch fixo um emotivo regresso como assessor da longametragem.

Salomon Arouch –que eliminou o “n” final do seu nome e gostava de ser conhecido por Shlomo- nascera em Salônica no seio duma família de judeus sefardis. O seu pai ensinara-lhe a boxear, e em 1937, quando só contava 14 anos, fixo o seu debut na sua vila natal, venzendo ao seu rival por KO técnico.

Dotado dum estilo muito tradicional de golpes curtos e cruzados, em 1939 ostentava um récord de imbatibilidade com 24 vitórias por knock out. O seu veloz jogo de pés fixo-lhe merecedor do alcume de “O bailarim de ballet”, e antes do estalido da guerra era membro da equipa olímpica grega de boxeo.

Quando os alemães invadiram Grécia foi arrestado e, dado que era judeu, deportado com toda a sua família a Auschwitz o 15 de Março de 1943.

Todos os membros fimininos da sua família foram gaseados o mesmo dia em que chegaram a Auschwitz, assim como os rapazes e crianças. Junto com o seu pai e o seu irmão mais jovem, Arouch viu-se submetido a trabalhos forzados. Quando um oficial názi se inteirou de que aquele judeu fora boxeador, foi obrigado a combater em veladas que se organizavam no campo os mércores e domingos pela noite.

Estes combates a morte, amiúde precedidos de jogos malabares de ziganos e pelejas de cães, enfrontavam a púgeis judeus e ziganos presos em Auschwitz; eram obrigados a combater brutalmente entre eles, correndo-se fortes apostas entre os oficiais názis que asistiam ao improvisado ring.

O ganhador –para além de conservar a vida- obtia pão e sopa; o perdedor, se sobrevivira, era imediatamente executado e incinerado.

No seu segundo dia em Auschwitz, o primeiro combate de Arouch foi contra um judeu polaco, com um oficial názi fazendo as vezes de árbitro. Arouch deixou-no rapidamente KO. Vinte minutos depois mandou à lona a um gigantesco checo dum golpe no estómago. “Desplomou-se como um dromedário”, lembraria Arouch.

Durante os dois anos seguintes, Arouch pelejou duas ou três vezes à semana para solaz dos seus captores názis, sabedor de que uma só derrota suporia a sua sentença de morte. Graças à sua velozidade e jogo de pés, puido tumbar a todos os seus oponhentes, que às vezes o superavam em mais de 100 libras de peso.

O seu mais difícil contrincante foi um judeu alemão chamado Klaus Silber, que tinha um récord na pre-guerra de 44-0, e que nunca perdera ao longo de mais de 100 combates. O seu combate foi o mais feroz e desputado que se lembra, e tras ele nunca mais volveram a ver a Silber com vida.

Na última etapa, Arouch foi exonerado do trabalho forzoso e ubicado numa oficina. Toda a sua família já fora assassinada para então. O seu pai fora executado tras cair enfermo e o seu jovem irmão recebera um tiro na nuca tras negar-se a extrair os dentes de oiro daqueles que eram gaseados.

Arouch logrou sobreviver a Auschwitz dois anos estabelecendo um récord de 208 vitórias por KO. Quando o campo foi finalmente libertado, perguntou às forças britânicas se tinham algum boxeador para combater contra eles numa exibição. Havia dois, e Arouch os deixou KO a ambos.

Procurando pistas dalgum membro supervivente da sua família no campo de concentração de Bergen-Belsen, em Abril de 1945, Arouch conheceu a uma jovem de 17 anos chamada Marta Yechiel, que era da sua cidade natal. Tras casar ao ano seguinte, em 1948 emigraram a Israel, servindo nas IDF, onde continuou boxeando.

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