quinta-feira, 28 de maio de 2009

YURI FOREMAN, A LONA E O TALMUD


Uma tarde de 2008, quatro dias antes da sua primeira defesa do título da Federação Norteamericana de Boxeo, Yuri Foreman sentou-se na base duma coluna de Brooklyn a estudar o Shulchan Aruch [código de Lei judea]. A última hora da tarde estaria no Gimnásio Gleason para entrenar-se ante a sua peleja com Saul Román, um fibroso púgil mexicano com 24 KO’s em 28 combates.

Foreman está acostumado a tão esgotador programa. Yuri Foreman é um estudante rabínico de 28 anos e ostenta imbatido o título profissional dos pesos médios na WBA. Luze orgulhoso uma Estrela de David nos seus calzões que alterna com uma kipá negra quando está estudando ou rezando.

No meio da sua sessão de estudos contesta uma veloz bateria de perguntas do seu mestre, o Rabino DovBer Pinson. O exercício mental, diz Foreman, proporciona uma maior resistência que qualquer rutina física no quadrilátero.

“Quando vou ao gimnásio entreno o meu interior físico. Com o rabino, entreno os músculos do espírito”, afirma.

Foreman opina que os seus estudos para converter-se em rabino ortodoxo aliviam o stress físico derivado do entrenamento. Mas assegura que deixa o desporto de lado mentres lê o Talmud ou acude às aulas duas vezes por semana num instituto judeu de Brooklyn.

“Boxeo e judaísmo vam unidos, e supõem em igual medida um desafio. Gostaria-me ser campeão mundial e rabino”, manifesta.

Nascido em 1980 (Bielorússia), aos nove anos trasladou-se a Haifa, Israel. Ali foi três vezes campeão amateur com um récord de 75-5, e em 2000 Foreman chegou aos EEUU para converter-se num púgil profissional. Em 2001 ganhou os Golden Gloves em New York.

E em 2004 a sua carreira dou um giro radical, ao conhecer ao promotor de boxeo Bob Arum e á sua actual mulher, Lelyla Leidecker, uma jovem húngara que o ajudaria na sua procura religiosa. Foreman não era até então uma pessoa religiosa. Como eslavo de procedência judea afirma que em Israel era considerado um marginal. Lembra que em Haifa teve que rematar por acudir a entrenar a um gimnásio árabe. "Segundo entrei o primeiro dia, puidem ver ao meu redor olhadas de ódio. Mas eu queria boxear e ali, por suposto, todos queriam boxear contra mim". O seu reencontro com o judaísmo produziu-se ao conhecer ao Rabino Pinson, com o que começou a dar classes e a observar o Shabat, orar utilizando tefilim e o resto de leis judeas.

“D’us dou-me esta oportunidade”, diz Foreman, “e eu acredito que tenho que lhe devolver algo a câmbio”.

O desejo de Foreman é regressar a Israel dentro duns anos, quando seja ordeado rabino, para compartir o que tem aprendido e fundar a sua própria comunidade para ajudar aos rapazes de procedência eslava.

Referindo-se a Foreman, alguns rabinos opinam que boxeo e judaísmo estám em conflito dado que é um desporto que persegue ferir a outros ou a um mesmo. Ao respeito, o Rabino Benjamin Blech, professor de Talmud na Yeshiva University, diz que tudo tem na vida um factor de risco e de recompensa. O boxeo também. Do contrário, não poderíamos saltar pelo campo, conduzir um automóvil ou viajar em avião. O objectivo de Foreman não é ferir-se a sim próprio nem aos demais, senão superar-se e vencer aos seus oponhentes.

Foreman intenta restringir os seus combates aos dias laborais. Se algum coincide em Shabat, como já se tem passado, ele faz observância permanecendo a certa distância do ring até que chega a hora.

O seu manager diz: “No último combate o sol já se pugera quando os árbitros chamaram a Foreman para que se preparasse a fazer o seu percorrido face a lona. Sem embargo -e embora o Shabat já rematara- Yuri negou-se. Fixo-me um gesto e me chamou a uma esquina”.

“E então susurrou-me: Por favor, rezemos cinco minutos”.



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