domingo, 10 de maio de 2009

NUNCA DIGAS

Trata-se do Hino dos Partisanos do Ghetto de Varsóvia.

O autor do poema original em yiddish foi Hirsh Glik (1922-1944), que tomou a melodia escrita pelo compositor russo Dmitri Pokrass.

Escrito no Ghetto de Vilna, a organização de Partisanos Unidos adoptou-no como Hino em 1943. Adoita ser cantado em actos comemorativos, especialmente em Yom HaShoa.

A versão que acompanhamos [ver abaixo] está interpretada pelo grande cantante Paul Robeson durante um concerto oferecido em 1949 em Moscova.

A peça encerra uma estremecedora combinação de potença e tenso pathos que se transmite a um público que, ao rematar o tema, irrompe num estrondoso aplauso. Embora muitos dos asistentes à actuação daquele dia eram intelectuais judeus moscovitas que agardavam que o machado criminal de Stáline caisse antes ou depois sobre eles, a grande maioria eram russos membros da elite supervivente do Partido Comunista que vinha de ser dezmado por uma enorme purga.

A primeira parte da resposta do auditório está recolhida na gravação, embora o resto foi curtada pelos censores. Contudo, o som deste grito de esperança é inesquecível.

Assim, Paul Robeson, uma das grandes vozes do século XX, dou expressão ao sofrimento, não só da judearia soviética, senão também das incontáveis vítimas da purga estalinista.









Nunca digas que esta senda é a final,
aceiro e chumbo cobrem um céu celestial
a nossa hora tão sonhada chegará,
redobrará o nosso cantar, ei-nos acá!

Desde as neves às palmas de Sion
ei-nos aquí com a dor desta canção,
e no lugar onde salpicou nosso sangrar
nossa fê e nosso valor brotarão.

Um sol de aurora o nosso hoje iluminará,
nosso inimigo de ontem há-se esfumar,
e se a alva retrassar sua aspiração
que qual emblema seja sempre esta canção.

Com sangue e fogo escreveu-se este cantar,
não é canto de ave que livre poida voar
entre os muros que sem medo derrubou
canta-o um povo que com valor seu braço armou.

Nunca digas que esta senda é a final,
aceiro e chumbo cobrem um céu celestial
a nossa hora tão sonhada chegará,
redobrará o nosso cantar, ei-nos acá!

Sem comentários:

Enviar um comentário